Participação das 3 cidades compassivas nas 2ªs Jornadas GEsPal

Participação das 3 cidades compassivas nas 2ªs Jornadas GEsPal
Data:2020-10-07

No dia 6 de outubro de 2020 as três cidades compassivas de Portugal participaram na mesa «Cidades Compassivas», que marcou o arranque das 2ªs Jornadas do Grupo de Estudos em Cuidados Paliativos (GEsPal) da APMGF (Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar). Foram dados a conhecer os primeiros projetos de cidades/comunidades compassivas fundados em Portugal, em Borba, Amadora e Porto. As cidades/comunidades compassivas procuram desenvolver redes comunitárias, com o apoio de entidades públicas e privadas locais, para além de voluntários a título individual, com vista a melhorar a qualidade de vida e o suporte aos doentes em fim de vida, respetivas famílias e cuidadores.

De acordo com a moderadora da sessão, Catarina Pazes (enfermeira na Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos Beja+), "as comunidades compassivas levam a uma consciencialização da comunidade em geral para os cuidados paliativos e a uma responsabilização pelo bem-estar dos outros que todos devemos ter", acrescentando que os projetos descritos nesta mesa-redonda simbolizam "um movimento que está a acontecer já no terreno e que não pode voltar atrás".

Silvia Corrales Villar, médica de família na USF Quinta da Prata de Borba, médica da ECSCP Ametista polo Estremoz e presidente da Associação Borba Contigo Cidade Compassiva "ABCCC", testemunhou que as pessoas envolvidas no processo de cuidar em fim de vida enfrentam enormes desafios e que parte da resposta para os ajudar "reside na comunidade", já que esta pode desempenhar o papel de "parceiro da saúde na complexa tarefa de oferecer apoio a doentes em fim de vida, a suas famílias e cuidadores". Silvia Villar admite que nem sempre é fácil mobilizar a população e as instituições para esta grande missão: "é difícil sair do nosso cantinho e do nosso conforto para ir ajudar, mas a ABCCC sabe que a compaixão pode ser cultivada e sente-se na obrigação de o fazer!". A ABCCC já organizou diferentes eventos junto da comunidade de Borba, programas de rádio, cafés compassivos e outros, para sensibilizar à população da importância de cuidar em fim de vida.

Na perspetiva de Elsa Mourão (médica de cuidados paliativos na comunidade na Coop LInQUE e coordenadora do Projeto Amadora Compassiva), o concelho na periferia de Lisboa no qual o seu projeto está a criar raízes surgiu com um território natural para este tipo de iniciativa: "na Amadora não existe ainda equipa comunitária de suporte em cuidados paliativos e a nossa cooperativa tem acompanhado muitos doentes em final de vida neste concelho, pelo que conhecemos as dificuldades de uma comunidade envelhecida e cujos membros não estão preparados para cuidar". Para Elsa Mourão, avançar com esta ideia significou dar asas a um sonho: "construir uma sociedade em que a solidão não seja a norma, na qual possamos melhorar a qualidade de vida das pessoas com doença avançada e em que as pessoas em final de vida se sintam compreendidas e cuidadas". Apesar da pandemia o projeto avançou com novas parcerias, e ações online: Death Cafes, Workshops sobre diversos temas e ações de formação para professores, para cuidadores e para uma universidade sénior.

Mariana Abranches Pinto, presidente da Compassio – Associação para a Construção de Comunidades Compassivas (entidade co-responsável em conjunto com o Centro Hospitalar São João pelo projeto Porto Compassivo), ressalvou que "o projeto no Porto tem pouco tempo de existência", mas frisou também que os seus promotores "acreditam muito nele e neste sonho das cidades compassivas". Iniciado em janeiro de 2020, antes do confinamento ditado pela pandemia o Porto Compassivo conseguiu desenvolver várias atividades, com destaque para Death Cafes (eventos nos quais os participantes se reúnem para conviver e discutir um tema que já não pode ser tabu, a morte) e workshops de capacitação ao nível da importancia do cuidar omo comunidade, de cuidar com compaixão, dos cuidados paliativos, da linguagem do sofrimento, da morte, do luto, do envelhecimento, do sentido de vida. "Queremos contribuir para mudar mentalidades, reativar redes de cuidados e lembrar às pessoas a importância do cuidar (...) ao mesmo que reforçamos a noção de que todos nos devemos envolver. Não podem ser só os serviços de saúde ou sociais a assumir esta tarefa, já que a comunidade é, por excelência, o terceiro braço dos cuidados compassivos".

Inscrição - Participação das 3 cidades compassivas nas 2ªs Jornadas GEsPal